Do alto da janela eu vejo
(RiCarvalho)
Da janela da minha sala
eu vejo um mundo que passa
(e ele corre)
Eu vejo a chuva fraca
Caindo nos verdes ipês de abril
Nos cinzas de granito ou no negro asfalto
Que se perdem de vista
(de urbana cidade; dum formigueiro de pedra)
Que substituíra muito do verde que ali tinha
No qual andorinhas bailavam, agora
Só via-se pedra, vidro e metal.
(Trocaram as cores vivas por um colorido artificial)
Mas as aves não desistiram de seu bailar vespertino
E em todo fim de tarde elas vinham
E como em protesto bailavam
No alto de nossas esquinas, sentavam
Nos fios altos que cantavam progresso, miravam
Nos donos de automóveis e asfalto
Cagavam e riam...
(cantavam dementes)
E da janela da minha sala
A tudo assistia, vendo com certa ironia
Que dali não me acertavam - pois dali eu nada fazia.
(sorria demente)
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