segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Os cubanos e saúde brasileira.

O ex-ministro Alexandre Padilha e os médicos cubanos 
Antes de você achar que há algum interesse político em minhas postagens, quero, primeiramente, deixar claro que sou apenas uma cidadã com opinião própria. 

Até hoje não engoli essa história do Programa Mais Médicos de recrutar médicos estrangeiros para trabalhar no interior, como se a falta de médicos no Brasil fosse o único problema. É conversa pra boi dormir é tapar o sol com a peneira.


Claro, que a curto prazo muita gente ficou feliz. Quem não gostaria de ser bem atendido por um médico sem precisar esperar no mínimo um mês para a consulta? E ainda mais um médico estrangeiro; uma novidade na cidadezinha do interior e nos bairros mais esquecidos da nossa querida capital.

Mas, se no posto de saúde falta o remédio qual é o médico capaz de curar o paciente? Se não há estrutura no hospital para fazer um parto e a paciente morre ou a criança morre, ou nasce na calçada de quem será a culpa? E se a  falta da vacina foi o motivo da tragédia é por acaso o médico que desvia o recurso ou é ele o responsável por não aplicar a verba de acordo com a lei? 

Uma série de fatores contribuem para essa triste realidade e a corrupção é a principal delas. Claro, eu não descobri a pólvora ao fazer tal afirmação. Mas, a corrupção é inerente aos problemas do nosso pais. E não dá pra falar de crise sem fazer referência à corrupção.


Você tem ideia de quantos milhões foram destinados a saúde no ano passado? De acordo com o Orçamento Federal mais de 79 bilhões de reais, 10,7% a mais que em 2012, pois a Constituição garante que os gastos com a saúde devem receber incrementos anuais conforme a variação do Produto Interno Bruto (PIB).  Pouco? Talvez, já que a  crise na saúde não apresenta melhora.  E não adianta dizer que melhorou e apresentar dados sobre investimentos. Quem vai dizer se melhorou ou não, é quem precisa do atendimento. 


Em 2013 o Maranhão recebeu do Governo Federal mais de 358 milhões e 900 mil reais. Melhorou, sim concordo. A situação era tão grave que qualquer investimento insignificante já chamaria a atenção de quem quer que seja. Construíram e reformaram hospitais, distribuíram UPAS - que são uma parceria com o Governo Federal - aumentaram o número de leitos, contrataram servidores, fizeram muita propaganda no entanto, a crise continua. 

Ainda mais que o problema atingiu o setor privado, após a falência dos planos de saúde. Quem estava acostumado com as lotações dos Hospitais particulares foi obrigado a se conformar com o SUS, em certo casos, seis por meia dúzia. Com exceção de que em alguns postos de saúde, o paciente ainda poderia ser atendido por um profissional estrangeiro. A 'carta na manga' do Governo Petista.

No ano passado o Ministério da Saúde estimou investir R$ 542 milhões no programa 'Mais Médicos'. O valor que incluía gastos com passagens e hospedagem dos profissionais estrangeiros pode ter sido ultrapassado já que o plano funcionava sem exigência de licitação. A 'excelente' ideia aprovada a toque de caixa pelo Governo Brasileiro chegou ao cúmulo de importar profissionais cubanos, após um convênio vergonhoso entre os dois países. 


De acordo com o Ministério da Saúde, o programa encerrou 2013 com 6.658 médicos, 5.400 médicos cubanos e 1.258 divididos entre espanhóis, argentinos, venezuelanos e brasileiros formados no exterior. E a presidente Dilma Roussef declarou que a meta é chegar a 13 mil médicos no país.


Os muitos cubanos que vieram pra cá, praticamente sem escolha, ganhando menos de 10% do valor da 'bolsa' que o Governo Brasileiro paga a outros profissionais estão desaparecendo 'misteriosamente' dos locais em que trabalham, porque a euforia inicial acabou. 

Se engana ser a fuga apenas uma opção particular, ao desejo de liberdade soma-se 40 horas semanais trabalhadas sem estrutura e convivendo com a mais dura realidade dos rincões brasileiros. Até o dia 11, o Ministério da Saúde confirmou que cinco médicos cubanos haviam abandonado o programa. Fora eles, 85 outros profissionais também desistiram.


Mistério? Nem tanto, mestre! Muitas complicações envolvem os problemas da saúde brasileira e nós, pagadores de impostos, seguimos contando com a sorte para nunca precisar de assistência pública e pior, da assistência privada.  

Faz tempo que eu digo: A saúde do brasileiro virou moeda de troca.   




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