O ex-ministro Alexandre Padilha e os médicos cubanos |
Até hoje não engoli essa história do Programa Mais Médicos de recrutar médicos estrangeiros para trabalhar no interior, como se a falta de médicos no Brasil fosse o único problema. É conversa pra boi dormir é tapar o sol com a peneira.
Claro, que a curto prazo muita gente ficou feliz. Quem não gostaria de ser bem atendido por um médico sem precisar esperar no mínimo um mês para a consulta? E ainda mais um médico estrangeiro; uma novidade na cidadezinha do interior e nos bairros mais esquecidos da nossa querida capital.
Mas, se no posto de saúde falta o remédio qual é o médico capaz de curar o paciente? Se não há estrutura no hospital para fazer um parto e a paciente morre ou a criança morre, ou nasce na calçada de quem será a culpa? E se a falta da vacina foi o motivo da tragédia é por acaso o médico que desvia o recurso ou é ele o responsável por não aplicar a verba de acordo com a lei?
Uma série de fatores contribuem para essa triste realidade e a corrupção é a principal delas. Claro, eu não descobri a pólvora ao fazer tal afirmação. Mas, a corrupção é inerente aos problemas do nosso pais. E não dá pra falar de crise sem fazer referência à corrupção.
Você tem ideia de quantos milhões foram destinados a saúde no ano passado? De acordo com o Orçamento Federal mais de 79 bilhões de reais, 10,7% a mais que em 2012, pois a Constituição garante que os gastos com a saúde devem receber incrementos anuais conforme a variação do Produto Interno Bruto (PIB). Pouco? Talvez, já que a crise na saúde não apresenta melhora. E não adianta dizer que melhorou e apresentar dados sobre investimentos. Quem vai dizer se melhorou ou não, é quem precisa do atendimento.
Em 2013 o Maranhão recebeu do Governo Federal mais de 358 milhões e 900 mil reais. Melhorou, sim concordo. A situação era tão grave que qualquer investimento insignificante já chamaria a atenção de quem quer que seja. Construíram e reformaram hospitais, distribuíram UPAS - que são uma parceria com o Governo Federal - aumentaram o número de leitos, contrataram servidores, fizeram muita propaganda no entanto, a crise continua.
Ainda mais que o problema atingiu o setor privado, após a falência dos planos de saúde. Quem estava acostumado com as lotações dos Hospitais particulares foi obrigado a se conformar com o SUS, em certo casos, seis por meia dúzia. Com exceção de que em alguns postos de saúde, o paciente ainda poderia ser atendido por um profissional estrangeiro. A 'carta na manga' do Governo Petista.
No ano passado o Ministério da Saúde estimou investir R$ 542 milhões no programa 'Mais Médicos'. O valor que incluía gastos com passagens e hospedagem dos profissionais estrangeiros pode ter sido ultrapassado já que o plano funcionava sem exigência de licitação. A 'excelente' ideia aprovada a toque de caixa pelo Governo Brasileiro chegou ao cúmulo de importar profissionais cubanos, após um convênio vergonhoso entre os dois países.
De acordo com o Ministério da Saúde, o programa encerrou 2013 com 6.658 médicos, 5.400 médicos cubanos e 1.258 divididos entre espanhóis, argentinos, venezuelanos e brasileiros formados no exterior. E a presidente Dilma Roussef declarou que a meta é chegar a 13 mil médicos no país.
Os muitos cubanos que vieram pra cá, praticamente sem escolha, ganhando menos de 10% do valor da 'bolsa' que o Governo Brasileiro paga a outros profissionais estão desaparecendo 'misteriosamente' dos locais em que trabalham, porque a euforia inicial acabou.
Se engana ser a fuga apenas uma opção particular, ao desejo de liberdade soma-se 40 horas semanais trabalhadas sem estrutura e convivendo com a mais dura realidade dos rincões brasileiros. Até o dia 11, o Ministério da Saúde confirmou que cinco médicos cubanos haviam abandonado o programa. Fora eles, 85 outros profissionais também desistiram.
Mistério? Nem tanto, mestre! Muitas complicações envolvem os problemas da saúde brasileira e nós, pagadores de impostos, seguimos contando com a sorte para nunca precisar de assistência pública e pior, da assistência privada.
Faz tempo que eu digo: A saúde do brasileiro virou moeda de troca.
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