terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Sapatos, semelhanças e voz.


Sapatos, semelhanças e voz.

Eu já estava quase dormindo quando de repente, me lembrei do blog de um amigo meu lá da Ilha e me deu uma vontade danada de escrever. Esse amigo é um cara sensacional, , um escritor de primeira linha e com um humor ácido de “lascar” .
Em seu último post titulado “Falimos” ele descreveu um episódio parecido com o que aconteceu com o Bush, exceto por alguns detalhes como os que seguem: primeiro: ele não é jornalista; segundo: não foi sapato, foram palavras; terceiro: ele não apanhou como ele mesmo conta que gostaria e o último: não virou notícia.
O Fato é que no meio de um evento em que se encontravam repórteres, autoridades, artistas e o Secretário do Estado de Cultura do Maranhão o rapaz perdeu as “estribeiras” e mandou, em alto e bom som, a autoridade estadual da cultura “tomar no...” E não foi só uma vez não! Ele fez tanto barulho que foi “convidado” a sair. Bom, até ai tudo bem! Xingou uma autoridade e foi retirado pelos seguranças. Mas, o que atiçou minha curiosidade foi o motivo que levou meu amigo a fazer isso. - Porque ele iria compra briga com o secretário? Eu sei que ele é meio doido, mas nunca o vi rasgar dinheiro.
Lendo os “posts” mais antigos entendi o porquê da confusão. Tudo isso por tem gente que assumindo um cargo importante, diz que vai promover cultura incentivando novos talentos da literatura e devido o mau funcionamento, descaso e preguiça impreguinada na máquina estadual acaba iludindo quem vive da arte, ou de outros seguimentos por meio de editais mal feitos. Se você quiser saber mais sobre o que aconteceu com o meu amigo, dá uma lida no Blog dele: http://www.bazevedo.blogspot.com/. Você vai entender o caso e se deliciar com as histórias desse maluco.
Mas, toda essa patacoada que aconteceu com ele me tirou o sono, porque me lembrou da nossa condição. A revolta dele é a mesma do jornalista que atirou o sapato no Bush. Todos os dias "engolimos" pessoas hipócritas, independente de cidade, de Estado e até de país.
Concordo quando meu amigo diz que falimos porque essa falência é múltipla. Ela está no berço, pois na essência humana, ainda predomina, com raras exceções, a ganância, o excesso de confiança e a hipocrisia.
Quando Hitler promoveu a 2º Guerra Mundial, por exemplo, e eu nem vou citar o Holocausto, ele quase dominou a Europa inteira. A União Soviética de Stalin quase sucumbiu ao poderio militar e às estratégias nazistas. Mas, uma vez que a Guerra estava praticamente ganha, esse excesso de confiança fez os alemães se acomodarem e bum! Churchill, Roosevelt e Stalin se uniram com outros paises e “adios” um ditador hipócrita.
O Japão, com seus kamikases, era imbatível quando explodiram as duas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. Os Estados Unidos era intocável até que as Torres Gêmeas foram ao chão. Na História os exemplos são inúmeros e hipócritamente os homens que estão no poder usam a desculpa da defesa para atacar outras nações, quando a verdadeira intenção é se apoderar dos recursos naturais da terra invadida: Petróleo, diamante, Amazônia...
O pior é que esses homens chegaram ao poder como se fossem a única solução para os problemas que a sociedade estava vivendo naquele período; Hitler, Mussolini, Stalin, Bush, Saddan, Sarney – estou citando quem eu conheço - e com seus discursos fervorosos conquistaram a confiança da massa e acabaram como tantos outros, contaminados pela a maravilhosa sensação causada pelo poder. E como diria Lord Acton: “O poder corrompe, mas o poder absoluto corrompe absolutamente”.
No caso do Secretário de Cultura, talvez um pouco de poder tenha feito com que o ex-artista se acomodasse demais, ou talvez seja incompetência. E, ao invés de fazer com que a SECMA trabalhe em prol dos artistas daquela terra – lá não tem só cantador de boi, não! – o Secretário tenha se deixado contagiar pelo excesso de “sei lá o quê” que roda nos órgãos públicos. Aí, eu dou toda a razão para o meu amigo ter ficado indignado.
Voltando ao assunto da falência e sem querer ser pessimista, mas realista; nós falimos sim. Falimos a democracia de fato e de direito porque aceitamos quietos, calados, não atiramos sapatos, nem fazemos manifestos e nem nos dispomos a saber que direitos são esses. Até porque hoje em dia está mais fácil ter acesso a essas informações, basta procurar. Pena que a grande maioria só quer saber de direito trabalhista.
E assim, vamos deixando que a ineficiência, preguiça e falta de sensibilidade com o problema do outro, destrua nossas intenções de sonho que nem chegamos a idealizar. - Pra quê? É mais fácil apontar o erro do outro do que olhar pra si mesmo. - Sabe por quê? A maioria de nós se preocupa apenas com o que é seu: “Tô comendo... Tô comprando... Tô vivendo... Tô mal e vou tratar mal todo mundo! Tô bem e que se danem os outros. Tô nem aí, meu salário cai na conta todo mês...”
É uma falta de compromisso geral e hipocrisia total. E nesse balaio estão políticos, Secretários de Estado, funcionários públicos, secretárias mal humoradas, atendentes de hospitais, dentistas, administradores, enfermeiras, advogados, jornalistas, delegados, juizes, carcereiros, bancários, vendedores de loja, etc e tal.
Ainda bem que a vida é uma roda, e graças a Deus ela gira... e gira... e gira... e a gente sempre paga pelos erros e as conseqüências vêm sempre. Não há como fugir.
Aproveitando o novo ano convido você a praticar nosso papel de cidadão. Como? Pra começar humanizando nossos serviços e fiscalizando de forma saudável e inteligente os nossos direitos. Me sinto feliz, porque aqui ainda há preocupação da administração municipal em melhorar qualidade de vida do povo. Mas, não podemos esquecer que cada um de nós, funcionário público ou não, somos responsáveis, também, por essa melhoria e temos que contribuir de todas as formas.
Com um sorriso se ele bastar, fazendo direito o que somos pagos pra fazer e com a voz quando for preciso. O que não precisamos mesmo é chegar ao ponto que o meu amigo chegou. Mas, se for necessário, por favor, grite com toda força que há em seu coração e jogue quantos sapatos estiver em seu alcance.

Feliz 2009!

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