sexta-feira, 5 de março de 2010

E as próximas gerações?

É impossível não se assustar com tudo que vem acontecendo. Apesar dos avisos, dos debates, estamos chegando a um ponto em que é nítida a reação da natureza às agressões do homem. Teorias defendem que ao contrário do que estamos vivendo aqui, no hemisfério sul, a tendência é o resfriamento do planeta. Outras, mais conhecidas, divulgam massificamente o aquecimento global e seus efeitos. Não sou cientista e nem estudiosa, o que me resta tem sido sentir na pele a rápida mudança climática da região em que vivo.
Por aí a fora, o que temos visto são os desastres naturais, que de uns anos pra cá - notadamente e graças à velocidade da veiculação midiática – chegam ao nosso conhecimento com maior frequencia. Citarei por alto os últimos que me lembro por serem de maiores proporções:
Indonésia. De 26 de dezembro de 2004 até agora, passaram-se quase 06 anos. Na ocasião, uma onda gigante devastou as ilhas do Pacífico causando centenas de mortes. Depois disso, sobretudo na Ilha de Java, outra Tsunami matou mais de 330 pessoas deixando mais de 500 feridos.
Um capítulo mais recente de desastres naturais apontava o terremoto no Haiti como o evento até então, mais comovente de 2010. Já tínhamos até, digamos, esquecido o fato ocorrido em Angra dos Reis que marcou a virada do ano novo com a morte infeliz de pessoas que comemoravam, com as melhores expectativas. No Haiti, país conhecido mundialmente pela miséria do seu povo, acredita-se ter morrido mais de 100 mil pessoas. Em Angra dos Reis foram mais de 50, segundo informações divulgadas pela da Gazeta do Povo no dia 05 de janeiro.
Mal nos recuperamos de um susto - que para nós não é tão grande quanto para aqueles que sofreram a tragédia - vem a notícia do terremoto do Chile. O pior de tudo é que a terra não parou de tremer. No país, o que se vê é um verdadeiro caos, pois, além das mortes ocasionadas por um terremoto de 7,9 graus na escala de Richter e tsunamis - que poderiam ter causado menores danos se as informações tivessem sido divulgadas com maior precisão- a população ainda está sofrendo com saqueadores, falta de energia, de combustível, de comida e de água. Uma triste história que parece ter saído das páginas do livro de José Saramago.
A diferença, talvez, seja o fato das pessoas não estarem cegas. Mas,no meu reles entendimento, cegueira pode ser também uma simples metáfora. As pessoas ficam “cegas” quando sentem fome, sede, quando se sentem ameaçadas e, como no livro de Saramago, deixam a condição de homem civilizado e se tornam sei lá o quê. Bicho? Tenha dó dos animais.
O caos, a falta de controle e fraqueza demonstrada pelo Estado em casos como estes são provas de que vivemos numa sociedade de falsas impressões. Temos a impressão de que estamos protegidos, de que o governo, as forças armadas e a própria conduta do ser “civilizado” é suficiente para manter a ordem. Na teoria o Contrato Social que nos rege é impecável, impagável e inabalável. Na prática é o que é, quando acontecem as grandes tragédias.
Apresso-me em opinar que esta cegueira é diária. E por maiores que sejam os avisos continuamos no rumo da autodestruição. Catástrofes naturais acontecem há milhões e milhões de anos, pois a Terra continua em movimento como tudo em nossa vida. Isto é um fato imutável. Se move - se, o chão também se move, na sua crosta, no seu núcleo, nas placas e no mar. Infelizmente, nada podemos fazer para evitar tais danos.
Mas, fica a pergunta: O que você enquanto ser humano, dotado de inteligência e de um certo senso de preservação faz para contribuir com preservação do meio em que você vive?
Vai um colírio ai?

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