domingo, 16 de fevereiro de 2014

A seleção "natural" das coisas.

Av. Daniel de La Touche, por volta das 11h20 de sábado 15.02

    Achei bem conveniente fazer no título desse post uma referência à teoria evolutiva do naturalista inglês Charles Darwin, após lembrar que a humanidade para chegar onde chegou passou por vários processos de seleção.
  Há milhões de anos os organismos mais adaptados ao meio sobrevivem e se reproduzem. A cada geração os descendentes apresentam características próprias que facilitam a vida no meio em que nascem. Uma verdadeira guerra, onde os mais fortes, mais espertos, os de melhor adaptação se perpetuam. Uma guerra invisível.
   O homem foi quem melhor se adaptou ao longo dos anos e o brasileiro, tem um plus a mais: o bom e velho jeitinho de se ajustar a tudo.  
   E o que Darwin teria a ver com essa imagem ao lado? Pouco. É só uma metáfora. Os humanos são seletivos por natureza e quando se trata de administração pública, a coisa piora. É notório que em todas as esferas e gestões o cumprimento de algumas funções têm sido, naturalmente seletivas.
   O caso do Pirata ainda vai dar o que falar, mas esta é um história pra outros capítulos.
  Voltando ao assunto "seleção", dá uma olhada na foto acima. Sábado nas proximidades de um shopping, centenas de carros estavam estacionados irregularmente ocupando o espaço público, porque alguém fez um show, provavelmente, lucrou bastante e estava pouco se lixando para o que acontecia lá fora.  Mesmo que muita gente tenha saído de casa pra se divertir e infringir a lei. Quem liga? A culpa é dos motoristas? Não, totalmente! Os carros estavam ali, nas calçadas, porque não havia fiscalização, porque não houve planejamento da produção do show, nem dos órgãos competentes. Uma série de erros que expõem, sem um pingo de vergonha, nossa capacidade de escolher em que momento podemos cometer erros. E aquela história de que o teu direito termina quando o meu começa é pura falácia.
 Quantas pessoas foram prejudicadas porque naquele local o trânsito estava confuso e engarrafado, enquanto motoristas imprudentes trancavam as entradas do bairros, estacionavam nas calçadas, canteiros e ainda faziam fila dupla? Alguém saberia me dizer? Fiquei apenas 20 minutos, mas deu pra sentir que o aborrecimento era geral. Por outro lado, se os agentes estivessem no local - fui informada de que haviam três agentes, mas eu não vi - cumprindo a lei a reclamação também seria geral. Mas, pelo menos iam reclamar sem razão.
13 horas depois.
  O fato é que as regras precisam ser cumpridas e é dever do governo criar condições para que todos possam obedecê-la. Que tal lembrar o artigo 5º da Constituição? "Todos são iguais perante a lei". Sério?! Me compre um bode! Todos com exceção das construtoras que levantam seus prédios em áreas de proteção ambiental, de mega eventos ou faculdades que cobram caro, mas que não oferecem sequer estacionamento para receber quem compra seu produto e de tantos outros exemplos que não vou citar porque sabemos exatamente onde encontrá-los, basta dar uma volta na Curva do Noventa, na Lagoa, na Avenida Carlos Cunha, no Cohafuma, na Península, enfim.
  Quando é que nós maranhenses vamos entender que se pagamos caro, temos o direito de ser bem atendidos? A regra vale para o comércio, para os serviços e para a contrapartida dos governos. E se temos direitos, temos deveres. Não podemos jogar lixo na rua, nem ultrapassar sinal fechado e muito menos estacionar em vaga de idoso. É o mínimo que podemos fazer.
  Infelizmente,  em nossa linda Ilha Provinciana sobrevive quem é mais poderoso, quem é melhor relacionado, ou quem teve a sorte de nunca precisar da assistência pública.
   Na outra imagem, a herança do evento. Quem produziu o show talvez não tenha sido obrigado a deixar o espaço público limpo. Nós sim, pagadores de impostos, fomos mais uma vez forçados a conviver com a arte de quem pode tudo e a vista grossa de quem não faz nada.
   

2 comentários:

Jorge Choairy disse...

Uma produtora de eventos que existe há mais de 20 anos, eu acho, e que nunca se interessou em ter uma casa de eventos própria... Pra que gastar com isso né? Sempre vai ter quem compre seus ingressos pros seus eventos em currais... Bom desabafo! Me fez desabafar também...

Márcia Carvalho disse...

Jorge, obrigada por comentar. Nós precisamos desabafar e agir sempre!