O bom e velho "jeitinho"

   "O que posso fazer para a gente esquecer esse assunto?"

 Disse certa vez, para o policial, um cidadão que foi pego dirigindo embriagado pelas ruas de uma cidade qualquer do nosso país.

" Senhor", ele respondeu. "Desça do carro e entregue as chaves pois, você será encaminhado à delegacia mais próxima por colocar em risco a sua vida e a vida de outros cidadãos".

O diálogo continua. Trôpego e em tom de ameaça o dito ébrio fala para o policial:

   "Você não sabe com quem está falando! Qual o seu nome? Vou ligar para o comandante que é meu amigo".

   Você poderia me dizer qual o desfecho dessa história? São duas situações: malandragem e desacato; somadas a uma tentativa desesperada de justificar atitudes vergonhosas que desonram o povo brasileiro.

    Pior quando o exemplo vem de cima.
   Ano passado um certo parlamentar foi, segundo depoimento dos militares que fizeram a abordagem, pego dirigindo em alta velocidade"com o agravante do estado de embriaguez ". No dia seguinte, o mesmo parlamentar foi à tribuna reclamar dos policiais, pois segundo o mesmo, ele teria sido humilhado apesar de se identificar como pessoa pública.  
   Eu não estava lá, não sei se houve abuso, mas se foi mesmo comprovada a alta velocidade e o estado de embriaguez do cidadão por que teria que ser diferente? Acho, inclusive, que eles foram bonzinhos já que nem no discurso do parlamentar e nem no depoimento dos policiais, divulgados pela mídia maranhense, li, ou ouvi que o parlamentar foi submetido à Lei Seca. 
   A lei está mais rígida desde 2013 e diz que: A penalidade após autuação é a multa de R$ 1.915,30; o recolhimento da habilitação; a suspensão do direito de dirigir por 12 meses, além da retenção do veículo, até a apresentação de condutor habilitado. Os militares responderam da seguinte forma: “Foi um procedimento normal feito a qualquer cidadão, com o agravante do estado de embriaguez em que ele se apresentava. O deputado foi liberado e aconselhado a ir pra casa”.
   Dois pesos e duas medidas? 
   Infelizmente, os casos acima não são os  únicos. Tem muito brasileiro usando, sem um pingo de vergonha, o bom e velho "jeitinho" para subornar, passar por cima das leis e até mesmo ameaçar quem tenta agir corretamente.
   Há que diga: "É cultural, é comportamental!" E cinicamente, justifica os abusos e pequenas corrupções. Assim, muita gente segue seu caminho achando que ao praticar o jeitinho não está prejudicando ninguém. Ledo engano!
   O prejuízo anual é de 40 milhões de reais para o pais. Custos que atingem  diretamente o bolso e a moral do povo brasileiro. Já que alguém tem que pagar a conta! No fundo não tão fundo assim o "jeitinho" nada mais é que uma ilusão. O 'espertinho' tem a vantagem na hora e paga mais caro na lá na frente com saúde, educação e  com aquela lista de impostos que somos obrigados a engolir.
Querido cidadão,
Se você  deseja um país melhor comece mudando o seu pensamento. Pois, alguém tem dúvida de que o mal do Brasil é o tal "jeitinho brasileiro? Eu não.

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