Desprezo, banalização,comércio, desumanização, estas são as palavras que me vem à cabeça quando o assunto são os planos de saúde que 'funcionam' em São Luís, capital do Maranhão. Infelizmente, essa não é apenas a nossa realidade. No país inteiro encontramos exemplos de descaso com a saúde do brasileiro, na rede pública e na rede privada.
O caos instaurado na capital com a falência do Plano Unimed ainda traz consequências inquietantes para quem depende desse tipo de assistência. A solução encontrada pela ANS, agência que regula os planos de saúde, foi a portabilidade. Cerca de 25 mil usuários do serviço da Unimed/São Luís ganharam esse prêmio de consolação que deu a eles o direito de migrar sem carência para outros planos.
Mas, para quais planos? Ouvi da própria representante da ANS no nordeste que o papel da agência era apenas o de regular e de impedir que planos que não atendem as resoluções do órgão comercializem seus produtos. "Se São Luís não pode contemplar todos os usuários do plano "falido" é um problema de mercado, a ANS não pode resolver isso". A resposta me deixou desolada. Nós maranhenses mais uma vez estávamos jogados à própria sorte.
Como tudo é comércio, os planos de saúde que funcionam na capital iniciaram uma corrida voraz para captar os usuários da cooperativa falida. Quem pode pagar, o mínimo que seja, faz o plano porque sabe que não pode confiar na saúde publica. Resultado: O que era ruim ficou pior.
A dificuldade para marcar consulta aumentou, as opções de especialistas continuaram limitadas, o tempo de espera no consultório também aumentou e o tempo da consulta diminuiu. Um médico recebe por hora trabalhada, mas os planos por número de atendimento e é por isso que ao chegar no consultório você se depara com um média de 30 pessoas agendadas para uma manhã, ou tarde. Para o plano somos no final das contas, mero consumidores, nossa dor foi transformada em números e o serviço desumanizado.
Minha experiência com o Hapvida é muito semelhante às experiências de outros usuários e posso enumerar vários exemplos, mas vou contar apenas o último: No dia 22/03/2014 fui até o único laboratório disponibilizado pelo valor do serviço pago por mim mensalmente, fiz exames laboratoriais para uma pequena cirurgia marcada para o dia 17/04 e os exames que estavam previstos para receber no dia 26/03 - hemograma, lipdograma, fator Rh, tiragem sangüínea, coagulograma, etc - até o dia 11/04 não estavam prontos.
No dia 11, perdi uma manhã inteira no laboratório para receber os exames e ainda sai de lá com as mãos vazias. Perdi a consulta no cardiologista, precisei remarcar. Me irritei, me estressei e sofri. A sensação de impotência diante de tanto descaso é horrível. O que está claro para mim sobre esta operadora é que se não falta serviço então, não existe preocupação em prestar bem esse serviço. 'Vá reclamar com a coordenação do Guarás - grupo que comercializa o plano - ' foi outra indicação da funcionária mal humorada.
Pois bem, estou reclamando mais uma vez. Tive problema pra marcar consulta, pra ser atendida, durante os procedimentos, para fazer exames e para receber exames. Eu não sou a única e considero absurda a situação dos usuários de todos os planos de saúde da capital.
É claro que vou ligar na ANS, mas pra que mesmo? Pra fazer a minha parte.
3 comentários:
Acho essa situação muito triste! Obrigada pelo comentário.
Otimo texto
Obrigada Sauaia!
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